Recomendações de HQ's aleatórias + um relato de vida

 Olá, caros leitores. Dessa vez eu estou aqui pra recomendar algumas histórias em quadrinhos aleatórias. Mas, primeiro, um breve histórico sobre essa arte em minha curta vida. Se quiser ignorar, ignore.

Louco, um dos melhores personagens da ficção

Braço forte, mão amiga
 Como muita gente gente aqui no Brasil, minhas primeiras leituras na vida foram com a Turma da Mônica. Depois disso, tudo o que caía na minha mão e que tinha desenhos e balões, eu lia, mesmo que fosse propaganda da campanha de vacinação com o Zé Gotinha, gibi evangélico do Smilinguido ou revistinha do exército com o Recrutinha. Lia tirinhas de jornal, revistinhas da Disney, até aquelas histórias em quadrinhos na revista Recreio. Mas foi lá pra 2009, quando eu vi Homem Aranha 2 pela quinta vez na televisão, que comecei a me interessar pelos super-heróis Marvel e DC.



 Comecei por uma edição do Lanterna Verde (que sumiu, infelizmente). Obviamente, não entendi nada da história. Meu interesse por comics caiu, então voltei minhas atenções aos mangás. Fiquei frustrado por não poder comprar séries inteiras, após perceber que a edição de One Piece que eu estava lendo era a 23ª de infinitas. Foi a pá de cal que enterrou meu interesse de vez.




Essa coisa quase pôs tudo a perder...


 Entretanto, tudo começou a mudar em meados de 2011. Uma prateleira cheia de gibis em uma biblioteca aqui em Guarulhos. Peguei a primeira HQ do Superman da minha vida, justamente a sua morte. Ver o azulão lutando contra o Apocalipse e terminar morto nos braços de Lois Lane me deixou intrigado.
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A história é bem fraquinha, mas não é todo dia que se vê o Superman morto, né?

 Foi a partir daí que comecei a procurar scans para ler na internet (um hábito que permanece, nunca fui de colecionar). Na base de muito Google e Wikipédia, consegui as informações básicas sobre os personagens e suas principais sagas e séries. E assim prossegue até hoje, em pesquisas de sites de leituras e downloads, stands em eventos, lojas especializadas, gibitecas e feiras de quadrinhos. Fim.


 Terminado o relato, vamos às recomendações.

 Promethea


 Cortesia do genial Alan Moore. Essa HQ, publicada pelo selo America's Best Comics, da Wildstorm, nos apresenta a Sophie Bangs, uma estudante de uma Nova York futurista de 1999 que é possuída por uma entidade mística chamada Promethea.
 A história consegue misturar magia, ocultismo, filosofia, metalinguagem, em uma narrativa criativa que funciona como uma ode ao mito do super-herói e aos próprios quadrinhos em si. Alan Moore puro.


Batman Asilo Arkham: Uma Séria Casa em um Sério Mundo


 Escrito por Grant Morrison e ilustrado por Dave McKean. Nessa graphic novel, o Coringa lidera um motim dos internos do Arkham, que exigem a presença do Homem Morcego. Este, nos corredores da loucura, deve confrontar seus próprios demônios e resistir à insânia do local, Ao mesmo tempo, somos apresentado à trágica história do fundador, Amadeus Arkham.

 Essa é uma leitura indispensável para quem se diz fã do personagem. A narrativa de Grant Morrison, juntamente com a sensacional arte (sensacional mesmo) de Dave McKean contribuem para o clima de loucura, criando uma das melhores HQ's de terror psicológico que eu já li (susto é uma coisa, terror é outra).


 Obs: a psiquiatra Ruth Adams nos dá uma "explicação" para a insanidade do Coringa que eu acho simplesmente fantástica.
 "É bem possível que estejamos diante de um caso de supersanidade. Uma nova e brilhante modificação da percepção humana, mais adequada à vida urbana no fim do século vinte"
 "(...) o Coringa se vê como o mestre do desgoverno, e o mundo como um teatro do absurdo".
 Afinal, quem são os loucos? Os detentos do Arkham ou a gente? De que lado do muro fica o asilo?





Guerra Civil



 Simplesmente uma das melhores mega-sagas da última década. As 7 edições principais foram escritas pelo Mark Millar e desenhas por Steve McNiven, com outras dezenas de tie-ins e os títulos da Marvel influenciadas pelo evento. Após um incidente em Stanford envolvendo o grupo de jovens heróis Novos Guerreiros, causando a morte de centenas de civis, o congresso americano aprova a Lei de Registro de Super-Humanos, obrigando os super-seres a entregar suas identidades e trabalhar como agentes do Estado, com direito a treinamento e salário.



 Claro que a comunidade super poderosa se divide. De um lado, temos a força-tarefa do lado da lei, liderados pelo Tony Stark; do outro, o grupo formando a resistência, sob a liderança do Capitão América. O Homem de Ferro acredita que esse é a evolução natural do papel de super-herói, necessária para conquistar a confiança dos cidadãos. Já o Capitas crê que é uma grave violação às liberdades individuais do heróis, colocando-os em risco. E é aí que o pau come.




 Guerra Civil é bem mais que uma porradaria entre fantasiados. É um conflito ideológico, uma saga que se aproxima da gente, ser humano comum, pois explora a presença de super seres vivendo entre nós. Aquele papo de "quem vigia os vigilantes". Nenhum dos lados está 100% certo ou 100% errado. A questão do liberdade x segurança marca forte presença aqui.



 O próximo filme do Capitão América vai se inspirar nisso aí, então é melhor correr atrás do prejuízo. Eu sinceramente acho que não vão conseguir explorar por completo um arco tão bom desses em um único filme no começo da fase 3, mas eu confio na direção dos irmãos Russo.





 Um desabafo: sempre estive do lado do Capitão América. Tony Stark é um alcoólatra egocêntrico que acha que o mundo repousa em suas mãos. Não é todo herói que pode tirar a máscara e se proteger em sua torre ultra-tecnológica e bilionária, como ele. Herói sem máscara, treinado e assalariado pelo Estado, é soldado. E soldados lutam contra inimigos que o Estado escolhe. E os Estados Unidos escolhem vários inimigos por aí...

Stark: "Um dólar de prata? Eu não entendo."
Demolidor: "Ao que parece, agora você tem trinta e uma moedas de pratas, não?"
Demolidor: "Durma bem, Judas."


O Reino do Amanhã


 Eu li ontem novamente, só pra confirmar o quanto essa HQ é épica. Se houver algum estúdio de Hollywood querendo adaptar essa HQ nos próximos 20 anos, vai falhar miseravelmente, com toda a certeza. 

 


 Com roteiro de Mark Waid e desenhos de Alex Ross, essa obra-prima nos apresenta a um futuro onde a jovem geração de heróis irresponsáveis causa terror aos cidadãos que deveriam proteger. Após quase todos os vilões e equipes malignas serem erradicados, a maior ameaça são seus próprios salvadores.

 E é aí que os velhos heróis voltam pra botar ordem na bagunça. Tudo isso em meio a uma ameaça de apocalipse, previsto nas visões do pastor Norman McCay, que viaja com o Espectro para testemunhar e entender o que acontece com o mundo.



 Pois bem, a história é muito melhor do que essa sinopse tosca que eu fiz. Em paralelo a passagens bíblicas, a trama ganha um desenrolar épico, magistralmente desenhada por Alex Ross. Não sou muito fã de desenhos ultra-realistas, mas o o trabalho desse cara é show.


 

 O relacionamento e as diferenças de ideais entre a Santíssima Trindade (Superman, Mulher Maravilha e Batman) é muito bem explorado, assim como o modo que o ser humano normal enxerga esses jovens super-seres. 






 Só que o mais interessante é a busca pelo ideal de heroísmo perdido, o resgate da humanidade dentro de cada super-herói. Se você acha heróis como o Superman e o Capitão América ultrapassados, leia Reino do Amanhã. Além de uma grande homenagem ao universo DC, é um soco na cara dos anos 90, do tal do "realismo" e dos "novos tempos".
Capitão Marvel vs Superman, uma das maiores lutas da história dos quadrinhos


 Pois bem, essas foram as minhas recomendações de quadrinhos para você, caro internauta. Tive a ideia de fazer esse post depois que o Novaes indicou Maus, que eu ainda não li, mas lerei. Enfim, espero poder voltar a postar aqui algum dia, porque as aulas vão recomeçar. Até.




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