Fala,
pessoal! Sou o Guilherme e estou publicando pela primeira vez aqui no
blog. Minhas postagens serão de gêneros bem variados, até porque não sou
nenhum especialista em nenhum assunto e conheço de tudo um pouco.
Para inaugurar meu ciclo de postagens aqui, irei falar sobre um livro que tive o prazer de ter contato recentemente: LARANJA MECÂNICA.
Bom, para começar, vamos responder uma pergunta fundamental: DO QUE SE TRATA?
Laranja
Mecânica (A Clockwork Orange) é um
romance distópico de Anthony Burgess publicado em 1962. A história é contada em três partes:
1ª parte:
Alex, um adolescente de 15 anos, junto de outros três amigos, dedica o
seu tempo cometendo crimes: roubos, estupros e espancamentos, simplesmente por prazer e maldade.
2ª parte:
Em uma noite de violência gratuita como outras, Alex acaba sendo pego
pela polícia e, para a sua "reabilitação", ele é submetido à um
tratamento nunca antes utilizado: o método Ludovico, que tem como
objetivo fazer com que Alex sinta repulsão a qualquer tipo de
violência, fazendo com que ele se sinta mal cada vez que tem contato com
isto.
3ª parte:
Quando é reinserido na sociedade, Alex têm de lidar com problemas que
antes nunca imaginaria ter, problemas que envolvem desde sua família até
a música que escuta.
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Anthony Burgess, já em sua velhice. |
Minha percepção do livro é a de que este têm uma proposta bastante diferente de outros do gênero narrativo. Anthony Burgess
provoca ao leitor uma experiência bem peculiar, tendo em vista fatos
como o de que a história é passada numa sociedade de local e ano não
especificados (só temos a informação de que é um futuro próximo) onde as
pessoas sofrem com a aterrorização da juventude moderna, e também a
linguagem utilizada pelos jovens: a linguagem Nadsat (uma mistura de russo e inglês, na versão original, que teve de ser adaptada para o português quando o livro foi traduzido).
Há
um glossário das traduções destes termos na maioria das versões do
livro, mas o autor (e eu) recomendamos que o leitor vá decifrando as
palavras pelo contexto, assim o leitor ganha mais um ponto que
acrescenta muito à experiência do leitor.
No
livro, a leitura é muito intrigante, e o estranhamento causado no
leitor é um dos fatores que, na minha opinião, faz com que o livro se
torne tão espetacular.
Quanto
às críticas apresentadas pelo autor, nota-se que este se preocupou
muito em debater fatores sociais. Alguns destes fatores, discutidos
explicitamente ou implicitamente, são a eficiência do sistema carcerário na proposta de reformar o criminoso, a essência maldosa presente no ser humano (o adolescente, no caso) e como o ser humano se transforma conforme vai amadurecendo. Porém, na minha visão, a principal discussão promovida pelo autor é a questão do livre-arbítrio de cada ser humano, considerando que Alex, durante a história, foi "moldado", sem ter o poder de escolha de sua própria vida.
Quanto ao filme, uma obra anglo-estadunidense publicada em 1971, o diretor Stanley Kubrick fez,
com maestria, uma adaptação extremamente fiel à história do livro, com
pouquíssimas diferenças com relação ao enredo. As duas obras são
extremamente intrigantes e têm seu espaço na história da literatura e do
cinema, respectivamente. Contudo, convenhamos que a experiência de ler
um livro durante vários dias e a experiência de ver um filme de duas
horas e meia são bastante diferentes (podemos aprofundar isso em outro
post). Portanto, ao meu ver, é recomendável, para os que não conhecem o livro ou o filme, que
o livro seja lido antes de ver o filme, pois assim o leitor poderá
abusar de sua imaginação para criar o mundo e os personagens que desejar
na sua mente, algo que não é possível de se fazer no cinema.
O protagonista Alex no filme de Stanley Kubrick.
Li
o livro numa edição muito antiga, de um livro caindo aos pedaços
(comprado em um sebo por 15 reais), e só depois que acabei de ler,
quando estava pesquisando sobre curiosidades e etc na internet, descobri
esta edição comemorativa de 50 anos lançada em 2012 pela editora ALEPH,
que contém muuuitos extras para o leitor se deliciar, como:
-Ilustrações exclusivas de Angeli, Dave McKean e Oscar Grillo
-Trechos do livro restaurados pelo editor inglês
-Notas culturais do editor
-Artigos e ensaios escritos pelo autor, inéditos em língua portuguesa
-Uma entrevista inédita com Anthony Burgess
-Reprodução de seis páginas do manuscrito original, com anotações e ilustrações do autor
A própria edição da editora ALEPH.
A
edição é um pouco cara (por volta de 40 reais), mas com certeza vale a
pena para os que gostam do universo da literatura. Ela pode ser
facilmente encontrada em livrarias grandes (como Saraiva ou Livraria
Cultura) e também em livrarias não tão grandes, recomendo.
Finalizando, recomendo fortemente a leitura: nota 10 / 10.
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